Revista geo-paisagem ( on line )

Ano  3, nº 6,

Julho/dezembro de 2004

ISSN Nº 1677-650 X

Revista indexada ao Latindex

 

 

 

 

A geografia na universidade brasileira

 

Helio de Araujo Evangelista[1]

 

Resumo 

 

O artigo aborda a geografia brasileira na universidade. Tem por referência contatos estabelecidos com diferentes professores ( as ) que marcaram a sua história na segunda metade do século XX.

 

Palavras-chave: geografia brasileira, universidade brasileira, história

 

Abstract

 

This article deals with the brazilian geography at university. It has for objective to show how the brazilian geography developed by contacts with importants teachers of the past century.

 

Key-words: brazilian geography, brazilian university, history

 

Apresentação

 

 

            Já tivemos a oportunidade de analisar pela Revista geo-paisagem inúmeros aspectos da geografia brasileira. Os estudos sobre a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e o Serviço Geográfico do Exército assinalam quão importante é a Geografia. Tal importância decorre de sua relação com um dado projeto de poder voltado ao território brasileiro.

            A partir da segunda metade do século XX a geografia brasileira sofre uma notória mudança. É a partir deste período que a geografia nas universidades passa a ter maior projeção.

Assim, propomo-nos a analisar as universidades, particularmente as públicas, pois são as que desenvolvem programas de pós-graduação em geografia, instrumentos importantes na disseminação do conhecimento desta disciplina.

 

* * *

 

            Os primeiros departamentos de geografia não se caracterizavam pela pesquisa. Eram os núcleos de pesquisa que a promoviam, cabe observar, no entanto, que em meados da década de 70 já tínhamos três mestrados no Brasil, o da Universidade de São Paulo ( o mais antigo, que também incluia um doutorado ) e os das universidades federais do Rio de Janeiro e de Pernambuco[2]. Hoje, já temos mais de 20 cursos de mestrados fora os de doutorado !  

 

* * *

 

A princípio, o papel das universidades ocorreu em duas fase, a primeira foi marcada pela presença dos estrangeiros, dos quais destacaríamos Pierre Monbeig, Pierre Deffontaine, Jean Tricart, além de Leo Waibel ( cuja ação se concentrou no IBGE ); já na segunda fase temos a disseminação dos cursos de pós-graduação em geografia no Brasil, cuja referência vem a ser a década de 70.

Porém, entre as duas fases temos o XVIII Congresso Internacional de Geografia promovido pela União Geográfica Internacional no Rio de Janeiro em 1956. Neste congresso temos uma série de encontros pessoais que mostrar-se-ão decisivos para a geografia universitária brasileira. Pois é nele que os jovens professores Aziz Ab’Saber, Milton Almeida de Santos, Bertha Koiffman Becker, Maria do Carmo Correa Galvão e Manuel Correia de Andrade, entre outros, irão estabelecer contatos que serão muito importantes .

 

* * *

 

 

            Na intenção de abordar a geografia na universidade brasileiro, recorro a um relato de quatro encontros, encontros com pessoas deveras importantes para a geografia brasileira na segunda metade do século vinte.

            Naturalmente, este trabalho deve ser visto como uma contribuição a ser somada a outras que procuram conhecer o espectro que a geografia brasileira passou a assumir a partir da maior atuação da universidade em sua produção. Há diferentes formas para trilhar esta investigação. Optei por um caminho bem pessoal , ou seja, escolhi pessoas que desde a  minha época de graduação, iniciada em 1977,  já tinham notória projeção acadêmica; e que, de uma forma, ou outra, aprendi com estas pessoas.

            Assim, segue abaixo uma reflexão sobre quatro geógrafos ( as ) que vão aparecendo por ordem dos contatos que travei durante minha vida acadêmica, são eles: Maria do Carmo Corrêa Galvão, Bertha Koiffman Becker, Milton de Almeida Santos e Manuel Correia de Andrade.

 

Os encontros

 

 

  ) Maria do Carmo Correa Galvão.

 

            Ao final da década de 70 fui seu aluno de graduação na cadeira Geografia do Brasil. Impressionou-me sua competência, o seu modo de tratar de forma integrada e bem ponderada tantos os aspectos físicos quanto humanos.

            Ao longo do curso fui convidado para ser seu monitor. O dinheiro era pouco, quase simbólico, mas o recibo registrava o vínculo com o Centro de Pesquisa de Geografia do Brasil, que só mais tarde vim a conhecer a importância da história deste centro.

            Fiquei pouco tempo, havia colegas de minha turma que já trabalhavam com ela e tinha poucas chances para obter uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ).

            Das discussões, o tema privilegiado era a economia agrária. Na época, cheguei a realizar um trabalho de campo no interior do estado do Rio de Janeiro com sua equipe. A professora Maria do Carmo era muito dinâmica e tinha um profundo conhecimento do estado fluminense.

 

            A partir de 1983, voltei a estabelecer um novo contato com ela pois coordenava o mestrado em geografia da UFRJ que eu acabara de ingressar. Não cheguei a ter aula com ela, suas disciplinas eram voltadas para a agricultura, mas ela assistia a nossas aulas de Epistemologia e Geografia. Graças a sua intervenção foi possível evitar uma reprovação na cadeira de epistemologia, o professor deixava a desejar e a animosidade entre a turma e o professor era crescente !

            Num outro momento, no doutorado, ingresso em 1995, voltei a ter um breve contato com ela; havia uma dificuldade na orientação e cheguei a consultá-la se poderia orientar um trabalho que desenvolvia sobre a formação territorial do município de Cantagalo no estado do Rio de Janeiro . Ela declinou alegando excesso de trabalho! Mudei o tema da tese e tive a orientação do Prof. Cláudio Egler; mas voltei a procurá-la para fazer parte da banca, novamente ela declinou! Mas, salvo engano, foi graças a ela que uma outra pessoa resolveu assumir a participação da banca e assim foi possível defender a tese antes de meu orientador viajar visando o seu pós-doutorado.

 

            Ao escolher seu nome para este artigo como uma das representantes da geografia universitária muito influenciou esta história formada nos corredores. Eu a via, via como trabalhava. Porém, para minha surpresa, ao consultar o acervo disponível na biblioteca do programa de pós-graduação em geografia da UFRJ em 5 de abril de 2004 não encontrei um único trabalho em seu nome ! Sua obra encontra-se literalmente dispersa. Salvo engano, não há um livro, em português, de sua autoria. Ela tem uma enorme gama de artigos, vários textos em anais, congressos, seminários... Há toda uma produção inédita caracterizada pelos seus relatórios de pesquisa que são praticamente desconhecidos, ao menos para aqueles que não pertencem ( ou pertenciam ) ao seu grupo de pesquisa.

 

A produção

 

            Tendo em conta seu memorial produzido para o concurso de professor titular realizado em 1993, Galvão observa que exerce desde 1951 uma intensa e exclusiva atuação acadêmica na geografia da UFRJ. Ingressou nesta universidade através do curso de  história que à época encontrava-se integrada à geografia.

            Ao início da carreira de pesquisadora, tinha como projeto dar aula no colégio Sion, em Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Tinha em vista uma forte relação com esta escola que remontava ao tempo que veio a ser educada por esta instituição no sul de Minas Gerais.

O que chama a atenção na sua formação inicial é a envergadura do seu conhecimento. Não pode ser considerada como uma especialista nisto ou naquilo. Fez estágio na Antropologia, admirou a geomorfologia de Francis Ruellan e muito apreciava os trabalhos de campo por ele promovidos.

            Com o tempo, porém, viu cada vez mais voltada para uma área, não propriamente para um campo de saber específico, mas “especializou-se” em geografia do Brasil. E sobre o seu país se interessa por tudo, vegetação, gente, economia, etc.

            Desta época de sua afirmação concorreu o apoio do professor Hilgard O’Reilly Sternberg . Este foi quem a trouxe para a pesquisa em geografia do Brasil quando condicionou a sua participação no seu grupo de pesquisa desde deixasse definitivamente o ensino médio no Colégio Sion. Acabou aceitando a condição e ingressou no Centro de Pesquisas de Geografia do Brasil ( CPGB ), o primeiro núcleo universitário de pesquisa geográfica no Rio de Janeiro criado pelo prof. Sternberg que tinha o apoio da Fundação Rockefeller, do Conselho Nacional de Pesquisa e da Reitoria da Universidade do Brasil ( mais tarde cognominada Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ ). 

            Após sete  anos de sua formatura, a professora deu início em 1959 ao seu doutorado na Faculdade de Ciências Modernas e da Natureza, da Universidade Renana Friedrich-Wilhelm em Bonn, Alemanha.

            Para lá enviada na intenção de desenvolver um curso na área de biogeografia, que, à época, no Brasil, era muito pouco desenvolvida. Tendo o apoio direto do Prof. Sternberg, na Alemanha, a professora haveria de ter disciplina com aquele que era tido como o biogeógrafo mais destacado, a saber: Carl Troll. Professor que ela veio a conhecer em 1952, num Congresso Internacional de Geografia da União Geográfica Internacional - UGI, em Washington! Contato este certamente retomado em 1956 quando da realização de um novo congresso da UGI no Rio de Janeiro.

            A professora Maria do Carmo Correa Galvão, embora jovem, já tinha acesso a diferentes professores que marcavam a geografia mundial da época, para isto contou uma certa facilidade em obter apoio para congressos internacionais.  [3]

            O que chama a atenção da trajetória acadêmica da professora Maria do Carmo é o fato de ter tido mais de trinta anos de sua vida marcada por dois grandes e fortes marcos institucionais que profundamente marcaram a geografia brasileira a partir de um aparelho universitário, a saber: o próprio Centro de Pesquisa de Geografia do Brasil que perdurou por vários anos,[4]; e o programa de pós-graduação em geografia da UFRJ que a teve como coordenadora por quase doze anos !

A carreira da professora, por sua vez, começou em 1951, quando não tinha terminado a graduação. Naquele ano, foi designada como Auxiliar de Ensino, embora o trabalho não fosse remunerado. Na época, graças ao prestígio do Prof. Sternberg, a professora obteve uma remuneração na forma de bolsa junto à Universidade do Brasil ( vindo a ser mais tarde UFRJ ) e ao CNPq, cujo presidente, Almirante Álvaro Alberto, muito valorizava o trabalho do Prof. Sternberg. Já em junho de 1952 chegou a assinar um contrato ainda como Auxiliar de Ensino.

Em fevereiro de 1953, foi admitida pela universidade como Instrutora de Ensino Superior. Cinco anos depois, por concurso, preencheu uma vaga para Professor Assistente da universidade. Aprovada no curso, reprovada pela burocracia. Sua nomeação foi revogada após ser divulgada ! Retornou assim à condição de Instrutora. Em 1965 passou a ser Professora Assistente por força de um decreto relacionando o enquadramento pessoal da universidade; em 1967, finalmente, foi homologado o seu credenciamento enquanto professora Assistente.

O que chama a atenção neste episódio acima é o contraste entre o grau de inserção da professora numa dada gama de relações a nível acadêmicos ( recém-formada foi ao congresso internacional de geografia em Washington, anos depois vai para Alemanha para fazer curso com o biogeógrafo Carl Troll ) e, no entanto, no campo restrito da vida burocrática da universidade a lógica do processamento das carreiras das pessoas ocorria num outro patamar. Parece-me que as “picuinhas” não deviam ser pequenas, como ainda hoje ocorrem nas universidades, afinal, quando ela veio a ser enquadrada como professora assistente, ela já poderia ser considerada professora adjunta. O concurso sendo de 1958, o doutorado em 1962  e com mais dez anos de magistério na universidade, o enquadramento mais adequado seria professora adjunta. Porém, isto só veio a ocorrer em 1969 quando finalmente naquele ano foi reconhecido o seu doutorado! 

 

 

 

Embora tenha trabalhado em diversas equipes não chegou a gerar, propriamente,  uma escola. Tendo sido seu aluno e freqüentado alguns trabalhos de campo por ela promovidos, entendo que ela deixou um legado, ou seja, suas intervenções sempre versaram em favor da preservação da chamada unidade da geografia. No seu ponto de vista, o geógrafo haveria sempre de articular os aspectos físicos com os humanos. Ele nunca poderia abandonar uma atitude de abertura na compreensão de aspectos físicos e humanos e a respectiva relação entre as partes.

Acredito que a principal obra da professora Maria do Carmo foi institucional, ou seja, ela tem uma direta relação com a implantação e expansão do curso de geografia na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Inicialmente, sua participação ficou concentrada no Centro de Pesquisas de Geografia do Brasil, em seguida, no programa de pós-graduação em geografia da UFRJ. É possível observar que ela agiu de forma pensada, ou seja, ela tinha como projeto, projeto de vida aí incluindo, fomentar a geografia entre seus pares. A sua dedicação foi marcada por uma patente abnegação.

Toda a sua produção está marcada pela chancela do estado. Este, na forma da própria Universidade do Brasil, depois UFRJ, ou ainda o Conselho Nacional de Pesquisa, ou outros órgãos ( FINEP, CAPES, FAPERJ[5] ), sempre teve decisiva importância na viabilização de sua produção e respectiva equipe. [6]

 

 

2 º  ) Bertha Koiffman Becker

 

            Das quatros pessoas escolhidas foi com quem tive maior contato.

O primeiro encontro ocorreu durante a disciplina Geografia da América Latina como aluno de graduação ( 1979 ). Na época, chegou a convidar-me a participar de seu grupo, porém, já tinha firmado compromisso com a  professora Maria do Carmo Corrêa Galvão enquanto monitor da cadeira Geografia do Brasil.

Fui seu aluno/bolsista do CNPq na qualidade de aperfeiçoamento por dois anos ( 1981-1983 ). Em seguida, entrei no mestrado e obtive uma bolsa de mestrado, também pelo CNPq ( 1985 ). Foi minha orientadora.

Na qualidade de bolsista realizei duas memoráveis viagens pela Amazônia ( 1981 ).

A primeira foi para Aragominas ( no estado de Goiás, atual Tocantins ) para estudar comunidades agrícolas, na época, contávamos com a assessoria do antropólogo Luiz Eduardo Soares, quem mais tarde viria a se destacar na área de Segurança Pública ( sub-secretário de segurança estadual do então governo fluminense Anthony Garotinho e depois Secretário Nacional de Segurança no primeiro ano da presidência de Luís Inácio Lula da Silva ) .

A segunda viagem foi para a rodovia Transamazônica, no trecho do estado do Pará, no intuito de estudar as agrovilas. Na época, ela insistiu que estudasse comunidades locais, mas acabei estudando movimentos de moradores urbanos . Minha dissertação foi sobre emissário submarino na Barra da Tijuca e ação dos moradores para viabilizá-lo desde que contasse com tratamento sanitário.

Afora as situações de ter nesta professora um estímulo para continuar lendo, pesquisando, em termos mais profundos destaco o seu apreço em aferir o que se afirmava, ou seja, a professora Bertha muito valorizava a capacidade de investigação da pessoa. O negócio de ficar só na teoria teria pouca relevância se não houvesse um correlato esforço de compreender a realidade a partir de trabalhos de campo. Sentia nela uma certa liberdade de ter minhas concepções.

 

Produção

 

            Como já observado, dos professores destacados a Bertha foi com quem mais convivi e portanto sinto-me mais a vontade a falar de sua produção tendo em conta o que eu “vi”.

            Há um aspecto que marca profundamente a trajetória da professora que é a inquietação. Sempre aberta, disposta a escutar novas idéias, a tal ponto que isto gerava uma certa irritação. Irritação porque ela não chegava a “bater o martelo”, ou seja, afirmar, é isto ... no máximo, seria : é isto, por enquanto !

            De qualquer modo era uma convivência muito instigante, provocativa. Quem não tivesse o hábito de pensar não viria a ter da parte dela atenção.

            Bertha Koiffman Becker identifica o seu perfil enquanto uma geógrafa política ou geopolítica. Sua produção foi fortemente marcada por um viés que chega a considerar as manifestações políticas no e pelo território.

            Inicialmente marcada pela forte influência do prof. Hilgard O’Reily Sternberg, assim como a professora Maria do Carmo Correa Galvão, esteve afeita à discussão sobre a relação complexa e interativa entre os aspectos físicos e sociais do espaço geográfico. Porém, com o tempo, veio a destacar os aspectos políticos do território. Para tanto muito contribuiu o convite para dar aula no Instituto Rio Branco, órgão que formava os futuros diplomatas brasileiros, que aqui ficou no Rio de Janeiro até 1976, quando então foi transferido para Brasília.

            Outro aspecto que chama a atenção em Bertha é o seu caráter aberto em termos de linha de pensamento. Ela não costuma traçar um filiação única em torno de uma estrutura de pensamento. É como se de forma consciente ou inconsciente ambicionasse a constituir o seu próprio modo de pensar, a sua própria teoria de espaço. De qualquer modo, o seu caráter eclético em termos de abordagens rendeu não poucas críticas; mas isto não veio a esmorecer no caminho trilhado.

            Posteriormente, nos ainda recentes acontecimentos envolvendo os antigos países socialistas, que além do sistema político o sistema de pensamento a ele correlato sofreram um rude golpe em termos de legitimidade; Bertha entendeu que sua trilha de abordagem plural se justificava pois as escolas de pensamento então consagradas estavam em crise.

            Esta forma heteredoxa de se estudar o espaço geográfico lhe foi muito útil ao analisar uma parte do Brasil que definitivamente marcou a sua produção, a saber: a Amazônia.

            O seu encontro com esta parte do Brasil; os sucessivos e regulares trabalhos de campo propiciaram uma gama de informações, e a formação de uma equipe de trabalho, que por vários anos marcaram a sua produção acadêmica.

            No campo administrativo, que quase a atraiu definitivamente, leio em seu memorial ( 1993, pp. 37-38 ), a linhas que se seguem quando esteve à frente do Instituto de Geociências na UFRJ :

 

“( ....) Em 1976, o Diretor do IGEO me convidou para assumir o cargo de Diretora Adjunta para Pós-Graduação e Pesquisa no Instituto, envolvendo os seus quatro Departamentos: Astronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia.

 

Foi o início de uma nova frente de atuação na Universidade que quase me levou à fazer carreira na administração. Permaneci por dez anos nesse cargo, e mais, já em 1979 fui eleita pelo Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza ( CCMN ) como sua representante no Conselho para Graduação e Pesquisa ( CEPG ) da UFRJ, atestando o dinamismo que imprimi ao IGEO.

 

Estabeleci, então, uma estratégia deliberada para dinamização do IGEO. O passo inicial seria organizar e fortalecer a Pós-Graduação em Geologia, considerado pela UFRJ, CAPES, CNPq como o de maior valor estratégico e que, na ocasião estava totalmente desarticulado. E nesse contexto, fortalecer a Geografia e os demais Departamentos e promover a integração do IGEO como instituto.

 

Os elementos dessa estratégia, plenamente cumprida, foram os seguintes. Primeiro através de contatos na administração superior da UFRJ, e na CAPES e no CNPq em Brasília, obtive carta branca para contratação de Doutores, inclusive do exterior, e vagas nos programas de Geologia e Geografia. Vários professores vieram então compor o quadro da Pós-graduação em Geologia e na Geografia, pude obter a contratação e a colaboração inestimável de Milton Santos e Maurício Abreu.

 

Segundo, recuperando o Programa de Geologia, mediante a integração de professores que se achavam completamente distantes e isolados, e reorganizando o currículo, os setores e os laboratórios de pesquisa. Terceiro, estabelecendo as normas e o regimento da Pós-Graduação no IGEO, com a colaboração essencial de Marcus Aguiar  Gorini, além de Josué Alves Barroso e mais tarde Joel Valença. Quarto, iniciando projetos institucionais de pesquisa financiados pela FINEP, tanto para a Geologia como para a Geografia, que já recebera este auxílio mas para a implantação do Curso, e partir de então orientando-se para a pesquisa.

 

Finalmente, promovendo seminários internos departamentais para apresentação das pesquisas, bem como publicações referentes a essas atividades: o catálogo de Pós-Graduação do IGEO, com o auxílio de Prof. Maria Helena Lacorte, que teve duas edições, e o Anuário do IGEO que, após uma pausa, persiste até hoje.

 

Os resultados foram extremamente positivos. Ao nível interno, o IGEO passou a existir como uma unidade, na medida em que os professores dos diversos Departamentos passaram a se conhecer e se relacionar e a pesquisa a se desenvolver. Ao nível externo, foi recuperada, com elogios, a imagem do IGEO e da UFRJ.”[7]

 

Já próximo ao término de sua carreira, ela tem a iniciativa em 1988 de dar uma nova configuração à mesma, o que acabou afetando além da sua a de outros colegas do Departamento de Geografia. A criação do Laboratório de Gestão Territorial ( LAGET ) naquele ano, expressão institucional de sua “verve geopolítica”, agregou a contribuição de vários professores, incluindo Maria do Carmo Correa Galvão e Jorge Xavier ; mas não só, teve a participação de outras instituições em diferentes momentos de sua gestação. No caso, houve um convênio com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, origem do LAGET, um intercâmbio com a Área de Política Científica e Tecnológica da engenharia da UFRJ ( COPPE ) e um convênio com o Centro de Recherches et Documentation de l’Amerique Latine. Em 1992 foi vencedor do PADCT, um programa de apoio ao desenvolvimento científico promovido pelo governo federal.

            Assim, o LAGET foi inserido numa rede de relações que visava promover uma leitura do espaço segundo um foco político.

 

 

3 º )  Milton Almeida dos Santos

 

Conheci o Prof. Milton Santos durante minha graduação, quando este retornou ao Brasil promoveu cursos de geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro a partir do final da década de 70.

Ele tinha um estilo expansivo, costumava utilizar roupas africanas difíceis de não serem notadas. . Era muito requisitado, onde estava se formava uma “rodinha”. Arguto, vivaz, tratava de diferentes temas, mas demonstrava uma viva sensibilidade no trato com as pessoas. Por trás daquele sorriso gestava-se uma revolução, para alguns um reboliço!

No mestrado em geografia cheguei e ater um curso com ele, ainda acompanhei algumas de suas palestras e intervenções em bancas de exames, seminários, etc.  Mais tarde, cheguei a falar com ele sobre uma transferência para São Paulo no intuito de fazer doutorado, no que fui firmemente apoiado. Porém, a conclusão do mestrado na UFRJ demorou mais do que esperado e fui assumindo outros compromissos na área acadêmica.

 

Nossos três últimos encontros foram : 1 ) em 1995, no encontro da ANPEGE em Aracaju; 2 ) em 1998, no encontro nacional de geógrafos da AGB na Bahia; 3º ) o último, ocorreu em 1999 quando o próprio deu a aula inaugural do mestrado da Universidade Federal Fluminense diante de um auditório lotado  e contando com a presença do reitor da universidade. Havia a intenção, na época, de lhe fornecer um título honoris causa pela UFF. Mas antes, ele faleceu.

 

            Ele faleceu no mês de junho de 2001 e até seu fim obtinha notícias esparsas de suas “andanças”.

Dispondo de um contrato de trabalho precário na UFRJ, isto o levou a transferir-se para São Paulo ao início da década de 80. Promoveu, em 1992, o seminário – O novo mapa do mundo – pela USP com grande repercussão; em 1995 foi agraciado com o prêmio internacional “Vautrin Lund” , tido como um prêmio Nobel da Geografia. A notícia chegou a ser transmitida pelo Jornal Nacional da rede de tv Globo. Nesta mesma época descobriu que tinha câncer. Nos seus últimos anos foi acompanhado pela glória acadêmica, preenchida por uma série de títulos honoris causa em diferentes universidades, e o avanço da doença.

            Sobre sua produção, o avanço do tempo nos possibilita já realizarmos um melhor discernimento entre a pessoa da obra. No caso do Milton Santos, tanto a obra quanto a pessoa são gigantes. Mas a reflexão que importa é : o que de fato vai ficar de sua produção à medida que a memória das pessoas que conviveram diretamente com ele for paulatinamente envelhecendo e ficando esquecida ?

            Formado em direito, adotou a geografia por identificação. Baiano, negro, realizou uma vasta obra que aqui pretendemos fazer uma breve análise. Análise em cima não dos artigos ou de seus escritos publicados no exterior mas de obras individuais que podem ser conhecidas em português. Mesmo assim, a empreitada é difícil pois não nos foi possível ter acesso a toda bibliografia. O que encontramos está designada na fonte de consulta.

 

Produção

 

Por uma geografia nova - este foi o título de uma obra que à época ( final da década de 70 ) ocasionou turbulência na comunidade acadêmica. Era uma época de ascensão da geografia crítica e de seu principal representante, Prof. Milton Santos.

Mais de vinte anos depois já é possível  uma avaliação do período. A indagação é: o que foi gerado neste período pode significar uma mudança de como o brasileiro concebe seu país? A resposta que nos vem a mente é de que o processo não logrou o sucesso esperado ( particularmente histórico/político ) ! Certamente trouxe repercussões, particularmente, na geração de novos geógrafos descomprometido com o stablishment acadêmico então encontrado ( este, a rigor, é que teve que se atualizar para não perder “o bonde da história ) . Mas, provavelmente, o grande produto desta geração tenha sido a nova produção dos livros didáticos que até final da década de 70 era muito pouco profusa, com poucos autores, e algumas obras pautadas em simples traduções de obras franceses . Outro aspecto que não podemos olvidar é o caráter intrinsicamente militante do “novo geógrafo” ! Neste período, a produção acadêmica haveria de ter uma correspondência com uma prática revolucionária, nem que esta ficasse apenas afeita à discussão teórica, pois era tida como expressão no mundo das idéias dos choques políticos que ocorriam na realidade histórica; sendo assim, os dizeres, as palestras, as comunicações, as descobertas, estavam sob a régia interpretação de que poderiam estar a favor ou contra ao curso da história que caminharia para uma sociedade igualitária. Foi uma época ( e de certo modo, ainda é ) onde as contribuições acadêmicas estão pendentes da filiação ( ou desfiliação ) ideológica que o produtor de conhecimento tenha para ter seu trabalho considerado deste ou daquele modo.

Esta ambiência que vigorou na geografia brasileira, e que ainda temos vários sinais de sua presença nos encontros acadêmicos, acabou afetando o nível de profissionalização do geógrafo; qualquer conteúdo mais técnico na área humana, por exemplo, era visto como estar a serviço do Capital; e logo criava-se uma reação à iniciativa.

            Numa primeira impressão da obra do professor Milton Santos verifica-se que a mesma não está só marcada por um projeto acadêmico mas também por um projeto político. Há obras que claramente destacam este último ponto, tais como O trabalho do geógrafo no terceiro mundo ( 1978 ); Pensando o espaço do homem ( 1982 ) e O espaço do cidadão ( 1993 ). Há ainda uma outra linha, eminentemente voltada para os estudos urbanos, a destacar: O espaço dividido ( 1979 ); A urbanização desigual ( 1982 ); Ensaios sobre a urbanização latino-americana ( 1982 ) e Pobreza urbana ( 1979 ) .

Porém, nenhuma das duas linhas ultrapassa a sua preocupação teórico-metodológica. Esta linha conta com as seguintes obras: Técnica, espaço e tempo ( 1994 ); Espaço e sociedade ( 1982 ); Espaço e método ( 1985 ); Metamorfoses do espaço habitado ( 1988 ); A natureza do espaço ( 1997 ) e Por uma geografia nova ( 1986 ).

            A rigor, as três linhas perfazem um único grande projeto, a de um intelectual que procurou aliar o pensar interpretativo da realidade com uma idéia propositiva de como esta poderia vir a ser . É uma obra com uma pulsão de um político/geógrafo que pensa.

            Afora o observado há uma linha que veio a ser esquecida pelo próprio a partir de 1964, ou seja, há uma produção do Milton Santos que muito bem lembra os antigos mestres franceses e respectivas obras hoje tornadas clássicas, tais como as de Pierre Deffontaine e Pierre Monbeig. Obras como Zona do Cacau ( 1957 ) inserida na prestigiosa coleção brasiliana promovida pela Companhia Editora Nacional e O Centro da cidade de Salvador ( 1959 ) são retratos de uma produção profícua que veio a tomar novos rumos a partir dos acontecimentos políticos que se abateram no país a partir de 1964.

 

 

4 º ) Manuel Correia de Andrade

 

            Das pessoas aqui escolhidas esta foi a que menos tive contato. A rigor tive um único contato, na realização do concurso para professor titular na área de geografia humana em 1993 promovido pela Universidade Federal Fluminense.

Como presidente da comissão responsável pelo concurso estreitava a relação com os membros da banca, por isto, chegamos a almoçar juntos, falamos durante a semana sobre alguns pontos de geografia e semanas depois recebi uma carta sua sobre seus estudos de geopolítica e particularmente sobre federação brasileira. Na época, encontrava-me muito voltado para a história territorial do estado do Rio de Janeiro e, pelo sim, pelo não, a correspondência ficou só naquela carta!

            Em outras oportunidades assisti suas palestras em seminários e encontros e o que chamou-me a atenção foi a sua postura. Passei a estudá-lo e fiz um trabalho sobre sua produção acadêmica para o  I Encontro Nacional da História do Pensamento Geográfico, realizado pela Unesp – Rio Claro em dezembro de 1999; porém, por motivo de doença, não apresentei o trabalho, mas o mesmo foi publicado em seus anais. Segue abaixo uma reprodução deste trabalho tendo em conta a parte que diz respeito ao referido professor. [8]

 

Produção

 

            Manuel Correia de Andrade nasceu em Pernambucano em 03/08/1922, na localidade de Nazaré da Mata. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife ( 1941-45 ), Licenciado em História e Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Manoel da Nóbrega, da atual Universidade Católica de Pernambuco ( 1944 - 47 ). Doutor em Economia ( por concurso de Cátedra ) da Universidade Federal de Pernambuco. Curso de Altos Estudos Geográficos na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil ( 1956 ) e Curso de Estudos Avançados no Instituto da América Latina da Universidade de Paris ( 1964 - 65 ).

            Foi professor do Ginásio Pernambucano de Recife, da Universidade Federal de Pernambuco ( dando aulas em cursos de graduação e pós-graduação nos departamentos de Geografia e de Economia, assim como, coordenador dos cursos de Mestrado em Geografia e Economia e participante da criação dos mestrados em Sociologia e Desenvolvimento Urbano ) , Professor Visitante da Universidade de São Paulo ( 1966/67 ) e pesquisador pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisa Social.

            Dirigiu órgãos públicos como o Grupo Executivo da Produção de Alimentos ( GEPA ) em 1963-64 e do Grupo de Estudos para a Reforma Agrária ( GTRA ) em 1969, ambos no Estado de Pernambuco, onde participou como conselheiro do Conselho Estadual de Educação ( 1964 ).

            Apresenta uma vasta obra, tendo mais de 50 livros publicados, 02 teses de concurso, 15 plaquetas e 132 outras em forma de artigos, ensaios, etc. 49 comunicações apresentadas em Congressos e Reuniões Científicas, 35 artigos publicados em jornais, 138 participações em congressos e reuniões científicas nacionais, 27 congressos internacionais, 124 convites e distinções, ministrou 139 Cursos de Extensão e Conferências, orientou 37 dissertações de mestrado. [9]

            Quanto às características de sua obra, percebe-se que sua trajetória foi sempre marcada pela auto-superação pessoal. Um intelectual nordestino cuja preocupação não se limita ao Nordeste, um geógrafo que não se limita à Geografia. Sensível às mudanças das disciplinas quanto às abordagens e métodos, nunca ficou, porém, refém de nenhuma delas. Crítico costumaz, arguto observador das tendências, soube criticar e apoiar importantes iniciativas na campo da geografia brasileira.

            Manuel Correia de Andrade é geógrafo, com uma formação onde os cursos de Geografia e História estavam mesclados. Ele comunga com um modelo histórico-estrutural utilizando sociologia e economia, para mostrar que a Geografia é uma ciência social. Ele não compartilha da visão setorialista segundo a qual teríamos uma geografia fatiada, inclusive, ele não adota esta visão positivista para os vários ramos da ciência. Para ele, há uma só ciência, que por conveniência e por influência de determinadas correntes de pensamento, a ciência se viu levada a romper com uma visão integradora, como era própria dos grandes sábios do passado em favor de campos específicos de questionamento.

            Um aspecto que chama a nossa atenção em seu pensamento vem a ser o relevo que a relação sociedade-natureza tem para os seus estudos. Ele entende que há uma contínua transformação do que ele chama espaço primitivo em favor do espaço geográfico. O primeiro corresponderia à ausência de qualquer ação antrópica, enquanto o segundo conteria a real dimensão para o geógrafo tendo em vista que a natureza estaria humanizada, ou seja, a sua compreensão passaria pela pesquisa sobre as relações sociais, e ainda, como estas mesmas relações sociais são forjadas e/ou condicionadas pelo próprio âmbito natural, gerando assim um quadro complexo e interativo entre estas duas dimensões da realidade.

            Outro aspecto que chama a atenção em seu trabalho vem a ser a valorização da observação. Não são poucas as passagens em que o autor destaca a forte dependência do geógrafo quanto aos frutos advindos dos trabalhos de campo. Ele mostra-se relativamente cético em relação a uma Geografia que não procura inferir suas conclusões e estudos a partir dos trabalhos de campo.

            No âmbito da geografia brasileira, Manuel Correia de Andrade não deixa de apresentar, de um lado, um acordo com os aspectos benéficos trazidos pela Geografia Radical, particularmente por ter introduzido a dimensão político e crítica para o discurso do geógrafo, mas, por outro lado, ele não deixa de tecer severas reservas quanto à maneira que a mesma vem priorizando certos enfoques e negligenciando outros. Ele, em suas preleções, em diferentes partes do Brasil, costumeiramente trata dos pseudomarxistas, ou os marxistas virgens, que nunca leram, ou mal leram as obras de Marx. E a partir destas críticas, ele enfatiza, sobretudo, a importância da natureza num estudo geográfico.

            Em termos de posicionamento político, Manuel Correia de Andrade mantém uma têmpera marcada pelos dramas de sua região de origem. O nordeste brasileiro, a sua dura realidade, emulou no próprio um engajamento, não raro corajoso, em favor de medidas que diminuissem as dificuldades da população mais pobre. Porém, aí entra uma das ambiguidades de sua trajetória, Manuel Correia de Andrade era um homem do Estado, sua carreira acadêmico-profissional se deu sob os auspícios do apoio público às suas pesquisas. O livro Espaço, polarização e desenvolvimento, por exemplo, é um trabalho eminentemente voltado para a instrumentalização de um método de desenvolvimento, o desenvolvimento regional, que capacite quadros técnicos em sua ação na região nordestina; ao contrário, por exemplo, da obra Geografia econômica [10] que apresenta uma clara matriz marxista na leitura que ele realiza. Assim, temos neste intelectual nuances crivadas em sua trajetória devido a inserções profissionais de diferentes espécies, o que ajuda explicar, em parte, a sua profícua produção.

            Outro aspecto que ajuda a compreender senão as características de sua obra, mas pelo menos, o seu volume, vem a ser o fato do Manuel Correia de Andrade ser um bibliófilo. Sendo famosa a sua coleção de livros, esta o auxilia na confecção de cada novo livro abordando diferentes assuntos. Além disto, chama a atenção o fato de suas obras terem sido editadas por diferentes editoras, o que decorre não só da própria profusão criativa do autor, mas também, de sua sensível articulação com diferentes editoras. Quando se sabe como é difícil editar um livro no Brasil na área de Geografia, que não seja eminentemente voltado para o ensino, a obra deste autor sinaliza uma habilidade em acessar diferentes empresas. [11]

 

Conclusão

 

            Ao termos a trajetória dos professores acima temos uma noção de como uma dada produção de geografia no Brasil está desaparecendo. Das quatros pessoas mencionadas uma já é falecida ( Milton Santos ), o prof. Manuel encontra-se com mais de 80 anos, e as duas professoras, professoras eméritas da UFRJ, diminuíram sensivelmente suas atividades. Assim, a primeira geração de professores brasileiros formada por estrangeiros está finalizando suas atividades. A geografia brasileira encontra-se em nossas mãos. Do que dela fizermos, depende seu futuro.


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[1] Prof. Dr. do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense ( www.feth.ggf.br ) .

 

[2] O mestrado na UFRJ foi criado em 1972, e o da UFPE em 1977.

 

[3] Além do encontro de 1952; temos a sua presença em 1954 no V Congresso Internacional de Ciência do Solo em Leopoldville ( Congo Belga na África ); no III Colóquio Internacional de Estudos Luso Brasileiros, Lisboa, 1957; no XIX Congresso Internacional da UGI, Estocolmo, 1960; no XX Congresso Internacional da UGI, Londres, 1964; na Reunião Regional da UGI, México, 1966; no I Seminário sobre Definição de Região, IPGH, Hamilton, Canadá, 1967; no XXI Congresso Internacional da UGI , Nova Delhi, 1968, etc.

 

[4] Como já assinalado, fui monitor ao final da década de 70 e o recibo da universidade constava o vínculo da verba com este centro! Ainda me lembro que antes da reforma da biblioteca promovida pelo curso de pós-graduação em geografia da UFRJ promovida na gestão do professor Maurício de Abreu havia uma menção na porta da antiga biblioteca ao CPGB. Como se o acervo da biblioteca fosse do centro !

 

[5] Respectivamente Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

 

[6] Em anexo relaciono a produção da professora Maria do Carmo segundo o seu memorial formulado para um concurso de Professor Titular da UFRJ realizado em 1993; isto ajuda a compreender que as informações sobre a professora só vão até aquele ano.

 

[7] Para os que trabalham no âmbito de um Instituto de Geociências esta passagem encerra uma bonita e necessária  lição! 

 

[8]  A parte que se segue é extraída de  - Epistemologia e geografia brasileira: uma leitura das obras de Manuel Correia de Andrade e Ruy Moreira – artigo publicado nos anais do I Encontro Nacional da História do Pensamento Geográfico, Unesp – Rio Claro . In Eixos temáticos, Vol. II, pp. 76-83, 1999.

 

[9] Estas referências biográficas foram amealhadas nas obras do autor - Espaço, polarização e desenvolvimento, 4ª edição. São Paulo: Ed. Grijalbo, 1977; Caminhos e descaminhos da Geografia, 2ª edição. São Paulo: Ed. Papirus, 1993; e ainda temos a obra - Manuel Correia de Andrade: o geógrafo e o cidadão organizada por José Lacerda Felipe e editada em 1995 pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

 

[10] Geografia econômica, 10ª edição . São Paulo: Ed. Atlas, 1989.

 

[11] Esta parte do trabalho veio a ser apoiada nos seguintes trabalhos - Caminhos e descaminhos da geografia ( op. cit. ); Elissé Reclus tendo o próprio como organizador dos textos publicados pelo geógrafo francês, São Paulo: Ed. Ática, 1985 ; Tendências atuais da geografia brasileira. Recife: Ed. Asa Pernambuco, 1986 ; Espaço, polarização e desenvolvimento ( op. cit. ) ; Manuel Correia de Andrade: o geógrafo e o cidadão ( op. cit. ) ; Uma geografia para o século XXI . Campinas ( SP ): Ed. Papirus, 1994. ; Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à análise do pensamento geográfico . São Paulo : Ed. Atlas, 1987; e a sua obra clássica A terra e o homem no nordeste, 5ª edição. São Paulo: Ed. Atlas , 1986.