Santo Josemaría Escrivá

 

Pensando naqueles que, com o passar dos anos, ainda andam sonhando – com sonhos vãos e pueris, como Tartarin de Tarascon – em caçar leões pelos corredores da casa, onde porventura não há senão ratos e pouco mais; pensando neles, insisto, recordo-vos a grandeza do caminhar à maneira divina no cumprimento fiel das obrigações habituais da jornada, com essas lutas que cumulam de alegria o Senhor e que só Ele e cada um de nós conhecemos.

 

Convencei-vos de que, geralmente, não encontrareis espaço para façanhas deslumbrantes porque, entre outras razões, não costumam apresentar-se. Em contrapartida, não vos faltam ocasiões de demonstrar através do que é pequeno, do que é normal, o amor que tendes por Jesus Cristo. Também nas coisas diminutas se mostra a grandeza da alma, comenta São Jerônimo. Não admiramos o Criador só no céu e na terra, no sol e no oceano, nos elefantes, camelos, bois, cavalos, leopardos, ursos e leões; mas também nos animais minúsculos, como a formiga, os mosquitos, as moscas, os vermes e outros animais deste jaez, que distinguimos melhor pelos seus corpos  do que pelos seus nomes; tanto nos grandes como nos pequenos admiramos a mesma maestria. De igual modo, a alma que se dá a Deus põe nas coisas menores o mesmo fervor que nas maiores.

 

 

Santo Josemaría Escrivá  em Amigos de Deus. São Paulo : Ed. Quadrante. 

 

 

Santo Josemaría Escrivá fundou o Opus Dei ( www.opusdei.org  ) em 2 de outubro de 1928 e foi beatificado por Papa João Paulo II em 17 de maio de 1992 e canonizado pelo mesmo em 6 de outubro de 2002.

 

 

Segue uma transcrição dos diálogos encontrados no filme – A grandeza da vida cotidiana – de Alberto Michelini ( 2002 ) que traduz com muita propriedade a espiritualidade do Opus Dei. Prof. Helio de Araujo Evangelista ( www.feth.ggf.br )

 

Nova Iorque

 

Locutor

 

Frank Hanger, 44 anos, casado com Ketty, seis filhos, trabalha no mercado financeiro na cidade de Nova York e mora em Bronsfield. Uma hora de trem toda manhã, a missa às 7 horas e ás oito está no escritório em Wall Strett. O coração financeiro internacional atingido no mês de setembro de 2001, como todo mundo livre, pelo terrível atentado às torres gêmeas do World Trade Center.

 

Hanger administra compra e vende títulos de alto rendimento, uma decisão sua pode fazer que outros investidores percam ou ganhem grande soma de dinheiro. Hanger é um católico que trata de viver sua fé com coerência, tem a convicção de que Deus ama seus filhos e conta com eles para iluminar todas as realidades humanas com a luz de Cristo. Não são necessárias façanhas extraordinárias, mas sim santificar o trabalho de cada dia, seja qual for, procurando ser contemplativo no meio do mundo como milhares de homens e mulheres espalhados nos cinco continentes. Frank Hanger vive o espírito do Opus Dei, uma instituição da Igreja, uma prelazia pessoal fundada pelo bem-aventurado Josemaría Escrivá em 1928 que difunde a chamada universal à santidade através do trabalho ordinário.

 

Fala de Frank Hanger  ( agente financeiro )

 

O maior desafio que enfrento ao chegar cansado em casa às 7 e meia ou às 8 da noite é o de começar a tarefa de santificação da vida familiar. O melhor modo de servir a minha mulher e aos meus filhos é dedicar-me completamente a eles quando retorno do trabalho, para dizê-lo com uma expressão esportiva, que a minha cabeça esteja totalmente no jogo, que meu objetivo seja unicamente vencer este jogo, freqüentemente quando eu volto para a casa as crianças querem me contar as coisas que fizeram durante o dia, pedem-me ajuda para fazer as lições.

 

Quanto ao casamento, creio que há um ponto fundamental que minha esposa e eu procuramos cultivar, manter sempre jovem nosso amor. De fato, o amor, como todo tipo de relacionamento, pode tornar-se monótono, rotineiro, envelhecer, tornar-se monótono, às vezes compro flores quando volto do trabalho, há várias floriculturas perto da estação, sem nenhuma razão, ou motivo especial, nem por ser aniversário de um filho ou outra data importante, mas apenas porque quero presentear minha esposa com flores, são estes os momentos que ela mais gosta, quando penso nela sem nenhum motivo especial, assim procuro manter vivo o nosso amor.

 

 

 

Fala do Santo Josemaría Escrivá

 

Dá-me muita pena este afã das pessoas que vão sempre em busca das coisas grandes, extraordinárias, sem perceber que tem a santidade ao alcance das mãos, nas coisas de todos os dias, no detalhe que só aparentemente é irrelevante.

 

Meu filho os grandes edifícios erguem-se pouco a pouco, à força de coisas pequenas, hoje um pouco de trabalho, depois um outro pouco, e ainda um pouco mais, e em todos os dias colocando tijolos ou ligas de ferro, elevando cimento e areia, um saco de cada vez, ao ferro pedaço por pedaço, assim foram levantadas as pirâmides do Egito, as grandes catedrais e os mais modernos arranha-céus.

 

 

Florença

 

 

Katarina West, 31 anos, filandesa, mora em Florença desde 1995. Lá se casou com um professor universitário. Formada em Ciências Políticas pela Universidade de Londres, jornalista e escritora, obteve o doutorado na Universidade Européia de Florença na área de Organizações Humanitárias. Protestante de nascimento, conheceu o Opus Dei por intermédio do marido e tornou-se cooperadora da Prelazia como outros não católicos e não cristãos espalhados pelo mundo, reza pelo apostolado da Obra e participa das suas atividades.

 

 

Fala de Katarina West  ( jornalista e escritora )

 

Penso que Florença também é importante pelas suas igrejas. Há uma igreja em cada rua. Uma das idéias do bem-aventurado Josemaría Escrivá que mais me marcou é que a religião não está confinada às igrejas, é algo que se pode viver nas ruas, nos escritórios, nos museus, nas escolas, nas fábricas, não existe nenhum lugar ou momento em que não se possa encarar as coisas com visão de fé. Isto faz com que se viva de modo mais sereno as situações que vão aparecendo. Não é preciso isolar-se e ir para um convento, pode-se viver a religiosidade na vida no dia-a-dia, fazendo as coisas que sempre se fez. Não há a necessidade uma grande revolução porque a verdadeira revolução está nas coisas pequenas.

 

 

 

Fala do Santo Josemaria Escrivá  ( enquanto passam imagens da artesã Irene Santos na Guatemala )

 

A nossa tarefa está em colaborar com todos os outros cristãos  na grande missão de sermos testemunhas do Evangelho de Cristo. É recordar essa boa-nova para vivificar  qualquer situação humana. A tarefa que nos espera é ingente. É um mar sem limites porque enquanto houver homens na terra, por muito que se modifiquem as formas técnicas da produção, terão um trabalho que poderão oferecer a Deus, que poderão santificar. Com a graça de Deus, a Obra quer ensiná-los a fazer deste trabalho um serviço a todos os homens de qualquer condição, raça, ou religião. Servindo assim os homens, servirão a Deus.

 

 

 

Paris

 

 

Fala do locutor

 

Algumas pessoas como Guillame Lutard descobriram o Opus Dei através da internet. Maître de um conhecido restaurante parisiense, o Alcazar, 33 anos, casado, três filhos. Lutard ficou tocado pela originalidade da mensagem. Pôs-se em contato com o escritório de informações do Opus Dei na capital francesa e começou a conhecer o bem-aventurado Josemaría por intermédio de seus livros.

 

 

Fala de Guillame Lutard  ( maître de restaurante )

 

 

A descoberta mais interessante que fiz no Opus Deis foi entender que é possível ter vida interior e que a meditação não é algo reservado, por exemplo, aos budistas. Isto me ajudou a ver as coisas com horizonte maior a partir desta cozinha. Dediquei-me mais aos meus filhos. Um pai de família deve assumir suas responsabilidades. A sua vida não pode estar orientada apenas para o trabalho, meu caso, o restaurante. Os ensinamentos do bem-aventurado Josemaría me fizeram entender como é importante a formação para a vida de um homem, mesmo quando esteja preparando legumes. Os seus ensinamentos animaram-me a ler todos os dias um trecho do Evangelho e receber, assim, uma lição de vida procurando ser coerente com a fé. Uma das coisas que mais me impressionaram nos escritos do bem-aventurado é a importância de ser alegre, a alegria de quem está em paz com sua consciência e quer transmitir aos outros e os frutos vão aparecendo  a começar pelos que trabalham comigo na cozinha.

 

 

 

Tertúlia do Santo Josemaria Escrivá num auditório

 

 

 

Moça – Padre, sou empregada doméstica

 

Josemaría – Muito bem

 

Moça – Estou muito orgulhosa de sê-lo

 

Josemaria – Eu também de que você seja uma empregada doméstica, minha filha !

 

Moça – Padre, quando visto o uniforme, sinto-me muito bem. Melhor que minha patroa.

 

Josemaria – Eh, bem, ( palmas do auditório ). Escute, faça todas as coisas com muito amor, tudo com muito amor. Com muito carinho. Faça-o pela família de Nazaré. Esteja unido a Santa Maria, nossa Mãe, quando fizer todos esses trabalhos. Se houver crianças em cassa, pense no Menino Jesus e faça-o pelo Menino Jesus. E também por aquelas crianças, porque você deve querê-las muito bem. E você verá que alegria, que alegria !

 

 

 

Fala do locutor ( enquanto passam imagens da vida do Santo Josemaria Escrivã )

 

 

Josemaría Escrivá foi proclamado bem-aventurado por João Paulo II no dia 17 de maio de 1992. Nascido em Barbastro, na Espanha, em 9 de janeiro de 1902, fundou o Opus Dei quando tinha apenas 26 anos no dia 2 de outubro de 1928, abrindo na Igreja um novo caminho vocacional para difundir em todos os ambientes a procura da santidade e à dedicação ao apostolado por meio da santificação do trabalho cotidiano no meio do mundo.

 

De Roma, para onde se transferiu em 1946, o bem-aventurado Josemaría orientou com a aprovação e estímulo dos Papas de Pio XII a Paulo VI, a difusão do Opus Dei por todo mundo. João Paulo II, na homilia da missa de beatificação, ressaltou que com intuição sobrenatural Josemaría Escrivá ensinou incansavelmente o chamado universal à santidade e ao apostolado.

 

Com muito afinco, o bem-aventurado Josemaria realizou longas viagens percorrendo a Europa e a América para falar de Deus. Multidões de pessoas o escutavam por todos os lugares movidas por sua fama de santidade. No dia 26 de junho de 1975, ao meio dia, na sede central do Opus Dei, em Roma, um inesperado ataque cardíaco interrompeu a sua existência terrena. O seu corpo repousa na Igreja Prelatícia do Opus Dei e é a meta de contínuas peregrinações procedentes de todo o mundo.

 

As suas obras de espiritualidade foram difundidas em milhões de exemplares. Na ocasião da morte do fundador, o Opus Dei contava com sessenta mil membros de oitenta nacionalidades e estava presente nos cinco continentes em centenas de centros, como residência para estudante, escolas de todos os graus e tipos, universidades, clubes juvenis, casas para retiros espirituais, clínicas e ambulatórios médicos.

 

 

 

Tertúlia do Santo Josemaría Escrivá num auditório

 

 

Em todos os lugares, onde uma pessoa  honesta pode viver, lá encontraremos ar para respirar. Ali deveremos estar com a nossa alegria, com a nossa paz interior, com o nosso desejo de levar as almas a Cristo. Onde ? Onde estão os intelectuais ? Onde estão os intelectuais. Onde estão os trabalhadores manuais ? Onde estão os trabalhadores manuais. E destes trabalhos, qual é o melhor ? Dir-lhes-ei, como digo todos os dias, que o melhor trabalho é aquele que se faz com mais amor de Deus! E vocês, quando fazem os seus trabalhos e ajudam o colega, o amigo, o vizinho, sem que o notem, estão curando-os ! Vocês são Cristo que cura, são Cristo que convive, sem afastar-se daqueles pobrezinhos que tem necessidade de ajuda como poderia acontecer conosco um dia.

 

 

 

 

Nairobi

 

 

Fala do locutor

 

Margaret Atiero Ogola, 42 anos, casada com um médico anestesista, 4 filhos, é secretária nacional da Comissão que coordena as atividades dos hospitais missionários que representam 40% dos serviços hospitalares do Quênia. Margaret Ogola é também a diretora-médica do hospital Porto Lenguenth em Nairobi e recebe, sobretudo, crianças atingidas pela AIDS, o novo flagelo, terrível, que atingiu a África. Seu romance – O rio e a nascente – traduzido em várias línguas, obteve o prêmio mais importante da literatura africana.

 

Fala de Margaret Atiero Ogola ( médica e escritora )

 

Estou em contato permanente com a morte, com gente que morre, e isto mudou minha vida de forma marcante. Ser do Opus Dei ajudou-me enfrentar bem este impacto. Cada criança, mesmo se nascida prematuramente, tem a dignidade de um filho de Deus e é uma ocasião não só de prestar os cuidados medidos, como também de dar amor e carinho a um ser que não poderá agradecer porque já tem uma grande cruz para carregar. Tudo isto faz-me amar mais profundamente a vida porque o contato com a morte toca-se também a vida e a sua beleza. Aprendi a viver o dia-a-dia e aceitar aquilo que a vida oferece. É algo que se aprende somente com as crianças porque elas não tem memória do passado e não tem futuro. Não pensam em quando eram mais felizes ou mais tristes. Estão lá e estão morrendo, mesmo assim empenham-se muito nos estudos. As nossas crianças vão muito bem nas escolas e estou orgulhosa disso. É um belo lugar para trabalhar, vocês deveriam vir aqui para conhecer as nossas crianças.

 

 

 

Madri

 

Fala do Santo Josemaria Escrivá  ( enquanto transmitem imagens de Cristina Rubio, executiva espanhola )

 

 

Penso que fazem mal aos cristãos aquelas biografias de santos que falam de coisas extraordinárias, de grandes milagres e contam nada da vida interior daquela pessoa que foi como você, e como eu. Uma criatura com defeitos, com misérias. Não contam aspectos das suas lutas, nem das suas derrotas, vitórias. Não dizem que as vezes tremiam. Não mostram que eram pessoas de carne e osso. Parece que eram de outro planeta e não é assim.

 

A vida dos santos é o que deveriam retratar as verdadeiras biografias como a tua, e como a minha. Eram burrinhos de Deus que lutavam, trabalhavam, sofriam, venciam, e eram vencidos, no entanto, levantavam-se rapidamente e continuavam a luta. Pessoas que se concentravam nos detalhes por amor. Esse é o caminho! E não há nenhum outro para alcançar a santidade. 

 

Bonn

 

Fala do locutor

 

Filósofo escritor russo, Evgeni Pazukhin, nasceu em São Petesburgo em 1945, e há sete anos mora com sua mulher em Baden-Baden na Alemanha. Pensador de religião ortodoxa. Bazinsqui promoveu a cultura cristã na clandestinidade por mais de vinte anos e é agora promotor da Sociedade Filosófica Religiosa Vladimir Soloviev.

 

Atraído pela figura e pelas obras do bem-aventurado Josemaria, no ano 2000 publicou a primeira biografia de Josemaria em russo.

 

Fala de Evgeni Pazukhin ( filósofo )

 

Quando minha mulher e eu estávamos trabalhando na tradução da coleção das homilias de Josemaría Escrivá – Amigos de Deus – que na versão russa se intitula – Os mais próximos  do Senhor – a primeira homilia com que nos deparamos estava dedicada ao trabalho na presença de Deus. A exposição mais clara de Escrivá sobre o trabalho provavelmente se encontra nesta homilia. Nela o bem-aventurado fala da Catedral de Burgos e do trabalho que os artífices fizeram na parte alta, nas agulhas. Um trabalho feito, por assim dizer, exclusivamente para o Senhor. Porque, sem dúvida, os ornamentos com os quais está lavrada a cumieira não podem ser vistas senão do céu.

 

Enquanto eu e minha mulher avançávamos na tradução percebíamos, como aqueles artífices da antiga catedral, que o trabalho realizado com intenção de fazer da melhor forma possível aos olhos de Deus era exatamente o tipo de trabalho de que falava o bem-aventurado e que a tradução que estávamos fazendo era obra de Deus.

 

Assim, graças à Escrivá, e o digo como ortodoxo, portanto ligado a uma tradição de misticismo, percebi que Deus está presente em toda parte e em cada situação de todos os dias, quer seja nos caminhos solitários da contemplação da vida religiosa, quer no meio da confusão da grande cidade. Em qualquer situação podemos encontrar Deus. É uma idéia que corresponde totalmente à mensagem do Evangelho.

 

 

Fala do Santo Josemaria Escrivá  ( enquanto passam imagens da família de Julius Ogalo, engenheiro mecânico, em Nairobi )

 

 

Não meu filho, não pode haver uma vida dupla, não podemos ser como esquizofrênicos se queremos ser cristãos. Há uma única vida feita de carne e espírito. E é esta que tem de ser, na alma e no corpo, santa e pleno de Deus. Desse Deus invisível que nós encontramos nas coisas mais visíveis e materiais. Não há outro caminho, meus filhos, ou sabemos encontrar o Senhor na nossa vida de todos os dias ou não o encontraremos nunca.

 

Quebec 

 

Locutor

 

Justina MaCaffry, 30 anos, casada, três filhos, é estilista. Mora em Half-Quebec com seu marido David e trabalha na promoção e administração da sua empresa. Apaixonada pela moda desde criança, amante da beleza, conseguiu harmonizar de forma surpreendente a vida de trabalho e de família com a vida de fé. Por ocasião do Jubileu da moda, no mês de dezembro de 2000, presenteou o Papa com uma casula especial desenhada pessoalmente por ela.

 

Fala de Justina MaCaffry ( empresária da moda )

 

Sempre amei a moda, como também sempre amei a beleza. Lembro-me de que quando menina, a minha brincadeira preferida era transformar meu quarto numa espécie de butique onde vendia minhas roupas. Era inevitável que terminasse por trabalhar no campo da moda. Não sabia como, nem onde poderia concretizar este desejo, mas sentia que aquela seria minha profissão.

 

Confecciono com particular prazer as roupas para as noivas pois toda minha vida está fundamentada no matrimônio, na unidade, no amor recíproco. O fato de preparar uma moça para o casamento, para aquela nova vida com o futuro marido, enche-me de alegria, considero isto uma verdadeira honra. Às vezes as noivas não percebem, mas podem estar nervosíssimas antes do casamento, podem ficar tristes e até mesmo deprimidas. Então lhes digo que se estão prestes a se casar é porque estão apaixonadas, porque amam seus futuros maridos e porque são amadas por eles. Convido-as a imaginar os anos que virão, os filhos que terão e faço-as pensar nas coisas verdadeiramente essenciais, sem dar muito importância aos momentos de agitação que precedem o casamento, as flores, os convites, o dinheiro, a recepção; trata-se de trazê-la à realidade e entender porque eles estão dando aquele passo tão importante para a vida de uma mulher e de um homem.

 

Fala do Santo Josemaria Escrivá  

 

Deixem-se de sonhos, de falsos idealismos, fantasias. Disso que costumo chamar mística do oxalá. Oxalá não estivesse casado, tomara que não tivesse esta profissão, tomara que tivesse mais saúde, tomara que fosse jovem, tomar que fosse velho. Atenham-se, pelo contrário, sobriamente à realidade mais material e imediata que é onde o Senhor está.

 

Hong Kong

 

Locutor

 

Mario Au é açougueiro e tem a sua loja no mercado de Sai Bai Rou, num bairro da periferia da ilha de Hong Kong . Trabalha todos os dias, das 6:30 da manhã às 7 horas da noite. Porém, mora em Toi Mon tem que sair de casa bem cedo para tomar o ônibus. Aproximou-se da Obra em 1993, quando sua esposa, católica, o colocou em contato com uma pessoa do Opus Dei que o fez conhecer o catecismo e depois o preparou para o batismo.

 

Fala de Mario Au ( açougueiro )

 

O meu trabalho consiste em cortar a carne de porco todas as manhãs. Desde que entendi, através dos amigos do Opus Dei, que este trabalho sempre igual pode ser oferecido a Deus, procura fazê-lo cada dia melhor, com mais entusiasmo. O mesmo ocorre no relacionamento com os clientes, trata-se sobretudo de mulheres. Anteriormente limitava-me a dar preço, agora, mesmo quando estou cansado, ou nervoso, esforço-me por sorrir, por dizer alguma coisa a mais.

 

A vida para a maior parte de nós, chineses, mesmo que em Hong Kong é mais fácil, é dura, é cansativa e isto pode influir no relacionamento familiar. Eu sempre perdia facilmente a paciência e a minha esposa era a primeira a sofrer. Hoje, eu estou mais tranqüilo e até consigo dedicar mais tempo à família. Um dos meus momentos preferidos é quando, no intervalo do almoço, fico conversando calmamente com a minha esposa sobre as nossas coisas. Ao contrário do que acontecia antes, agora dedicamos o domingo à missa e ao descanso. Estou realmente contente por ter descoberto a Deus.

 

Boston

 

Locutor

 

Caithin Raiger, 31 anos, dentista, casada, 4 filhos, mora em Boston onde exerce a profissão no andar térreo do apartamento onde mora. Conheceu o Opus Dei há 19 anos através de sua mãe e principalmente pelos escritos do bem-aventurado Josemaría que, como disse, tocaram-lhe o coração . O marido é professor de literatura inglesa. Caithin leciona duas vezes por semana na Dental School Thi ( ? ) University .

 

Fala de Caithin Raiger ( dentista )

 

A minha mãe, que faleceu há 16 anos, era do Opus Dei. Quando morreu, a coisa mais importante para nós foi perceber até que ponto ela nos amava e também aos outros. E amar é a coisa mais bela que se pode oferecer ao Senhor no final da vida. Procurar amar torna mais alegre o trabalho porque está sendo oferecido a Deus e tudo então fica mais fácil.

 

As pessoas, vendo-a de fora, podem considerar minha vida cansativa, completa de atividades, ir à missa, rezar o terço e outras orações. Mas não é assim! Deus quer que vivamos amando-o em todas as coisas que fazemos. Digo aos meus pacientes que estou sempre perto de meus filhos porque os escuto do meu consultório que fica logo embaixo do meu apartamento. Escuto minha filha que no andar de cima experimenta os meus sapatos, meu filho que empurra barulhentamente o trenzinho.

 

Uma vez ouvi minha filha, quando tinha um ano, bater a cabeça ao cair de uma cadeira e então disse a um paciente que aquele barulho vinha da batida de cabeça da minha filha mas que não se preocupasse porque meu marido estava com ela.

 

Penso que os dentes são importantes, mas não tão importantes assim, mas o que verdadeiramente conta é a pessoa.

 

 

Fala do Santo Josemaría Escrivá ( enquanto passam imagens de Alberite e do pároco Armando La Sarta  ( Espanha ) )

 

 

Devem compreender agora, com nova clareza, que Deus nos chama a servi-lo a partir das tarefas  civis, materiais, seculares da vida humana. Deus nos espera cada dia no laboratório, na sala de operações de um hospital, quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar, e em todo imenso panorama do trabalho.

 

Não esqueçam nunca! Há algo de santo, de divino escondido nas situações mais comuns, algo que a cada uma de nós compete descobrir.

 

Los Angeles

 

Locutor

 

Não é fácil para uma ator cinematográfico ser coerente com sua fé. Mas Joseph Griffin se esforça, apesar das dificuldades do ambiente de trabalho, por viver o Evangelho nas situações concretas da sua vida. Canadense, casado, pai de 7 filhos, dos quais um é autista, Joseph Griffin vive na Meca do cinema, Los Angeles. Connheceu a Obra na escola em Montreal.

 

Fala de Joseph Griffin ( ator cinematográfico )

 

Uma coisa aparentemente incompatível para as outras pessoas é o fato de eu ser ator e ao mesmo tempo ter uma família numerosa. Olham para mim como se eu tivesse uma dupla personalidade. E se perguntam: como posso ser tão irresponsável.

 

O fato é que tenho uma mulher encantadora. Ela me ajuda de mil maneiras, a começar pela oração. Obviamente temos alguns desafios. Meu primeiro filho Joe é autista. Mas foi ele que conseguiu que eu voltasse realmente a rezar. Para mim tem sido como voltar a ser criança, tal como o bem-aventurado Josemaría nos convida a fazer. É Deus que me ajuda neste abandono, neste lançar-me em suas mãos. Vejo, por exemplo, meus filhos menores; quando brinco com eles, agarrando-os e jogando-os para cima eles não consideram o risco de poderem cair no chão e se machucar. Só ficam olhando para mim  e rindo, tem esta confiança total, crêem em mim.

 

A mesma coisa ocorre conosco quando nos abandonamo-nos nas mãos de Deus. Ele nunca nos deixa sózinhos. Percebo que age de diversas maneiras na minha vida, mas o faz do modo mais simples, mais normal . É por isso que na minha opinião a mensagem do bem-aventurado Josemaria é atual neste nossos tempos complexos mas também ricos em santidades escondidas. As pessoas percebem essa necessidade e se dão conta que Deus não está presente somente em algumas atividades, está em toda parte.

 

 

Tertúlia do Santo Josemaria Escrivá num auditório ( final do filme )

 

 

Na estrada de um país europeu, havia um homem a algumas centenas de metros de um vilarejo, parado esperando que passasse alguém para pedir uma carona. A seu lado tinha uma mala.

 

Passou um motorista de caminhão e ele fez sinal. O motorista parou e o homem lhe disse :

 

- Poderia levar-me ?

 

= Sim, posso levá-lo !

 

- Mas, o senhor está só ? Pergunta o homem da mala. E o motorista, depois de ter hesitado um pouco, respondeu :

 

= Bem ... sim, estou só. Suba, suba ...

 

O caminhão retoma o caminho e o homem da maleta pergunta:

 

- Por que hesitou ao dizer-me que estava só ?

 

E o outro:

 

= Porque eu não vou nunca só !

 

O motorista era um filho meu, um filho de Deus, que sabia que tinha Deus escondido na sua alma, presidindo a todas suas ações. Uma criatura com vida sobrenatural. Por isso disse-lhe :

 

= Caro senhor, eu nunca vou só e não sei se poderá compreender-me. Não vou só porque o meu Deus está comigo na minha alma em graça.

 

O homem da maleta respondeu :

 

- Por favor, pare, pare, pare !

 

= O que aconteceu ?

 

- Vou voltar ao vilarejo. Sou o pároco ... e estava desertando.